domingo, 19 de setembro de 2010

Vale dos Vinhedos - Serra Gaúcha

Hoje foi o dia de mais um ótimo passeio pela serra gaúcha, quem acompanha meu blog já deve ter notado que a serra é um destino muito frequente em meus passeios porém cada passagem eu descubro alguma coisa diferente. Definitvamente é um destino incansável!


Deste vez não poderia ser diferente e seguindo minha intuição a respeito de locais que poderiam ser interessantes, descobri a estrada de pedra, que felizmente não é feita de pedra mas de um esfalto muito bom e com curvas sensacionais!

Como não poderia deixar de ser, na volta para Porto Alegre passei pela Tenda do Umbú e como o dia estava maravilhoso, era de se esperar que estivesse muito movimentado. Total de quilômetros rodados, 532.

Grande abraço a todos!

domingo, 22 de agosto de 2010

Passeio pela serra gaúcha.

Hoje foi um Domingo sensacional! Eu já não aguentava mais ver os finais de semana com clima perfeito sem poder levar a Bandida para uma passeio.

Saí de casa por volta das 10:00 e retornei às 19:00 após 300Km de belas paisagens e curvas maravilhosas em um legítimo dia de primavera!

sábado, 21 de agosto de 2010

E a Bandida está de volta!!

Mal posso acreditar que a Bandida está pronta para rodar novamente! Acabei de guardá-la na garagem após um breve passeio pelas ruas de Porto Alegre para testar a máquina e abastecer para o passeio que pretendo realizar amanhã até a cidade de Nova Petrópolis na serra gaúcha.

Minha filhota está impecável e pronta para novas aventuras! \o/

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Cheguei!

Quando eu estava prestes a ir dormir ontem a noite, minhas primas me arrastaram de casa, domingo em Paysandú é dia de ficar até tarde batendo papo na praça central da cidade. Com essa função, acabei indo dormir passado das 5:00 e obviamente não consegui acordar às 8:00, acabei acordando passado do horário programado para minha chegada em Montevideo, 14:00.

Quando olhei o relógio foi aquela correria, afinal de contas era o aniversário do meu pai e ele estava me esperando, olhei pela janela e a chuva caía forte. Tomei um banho rápido, enfiei a roupa, "joguei" os alforjes e mochila na Bandida, me despedi rapidamente da minha família e parti rumo a Montevideo.
Ah, escrever sobre o caminho Montevideo - Porto Alegre já perdeu a graça. Encerramos por aqui :P

domingo, 13 de junho de 2010

Final de semana com a família no Uruguay

Aproveitei estes 3 dias para descansar bastante e cuidar um pouco da Bandida, que até então não havia visto água, exceto da chuva. O final de semana passou voando, assim como qualquer tempo agradável que passamos, sempre temos a impressão de que não foi suficiente. Além disso, os pensamentos de que a viagem, assim como as férias estava terminando, aceleravam essa sensação.

Amanhã é o aniversário do meu pai e haverá um jantar com festinha da família na casa dele, como prometi que chegaria cedo por lá, algo em torno das 14:00 e estou a pouco mais de 400Km de distância, terei que sair saqui no máximo por volta das 8:00.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

11º dia – Santa Rosa / Paysandú

Acordei às 8:00 da manhã pois aproveitei para dormir mais um pouco, além do mais eu precisava urgentemente trocar dinheiro já que não tinha mais nem um único peso argentino e os bancos, assim como aqui no Brasil, não abrem antes das 10:00. Tomei um banho demorado, coloquei todo o equipamento, tomei um bom café da manhã, aproveitei para olhar meus e-mails e fui pagar a conta do hotel, cheguei na recepção, pedi que o atendente me confirmasse o valor a ser pago e para minha surpresa o valor que haviam me passado na noite anterior de $90,00 havia passado para $120,00, se existe alguma coisa que me irrita, essa coisa se chama malandragem! Obviamente não aceitei e após mais de 30 minutos de discussão, o gerente resolveu me fazer o valor previamente estabelecido. Carreguei os alforjes e mochila na moto e parti em busca de uma casa de câmbio, para meu desespero, não encontrei sequer um lugar que trocasse reais e fui obrigado a seguir viagem sem dinheiro.

Acho que nunca abasteci a moto com tanta frequência como neste dia, a cada posto que eu encontrava, parava para abastecer pois estava preocupado de não encontrar postos que aceitassem cartão de crédito, realmente isso aconteceu em diversos postos mas felizmente consegui chegar até a cidade de Mercedes, onde um frentista pra lá de gente boa viu minha preocupação e decidiu passar $200,00 no meu cartão e me dar essa quantia em efetivo, a partir desse momento foi só alegria. Como eu já imaginava, a passagem por Buenos Aires foi bem complicada já que passei por lá justamente na hora do rush e em uma sexta-feira, após algumas paradas para consultar o GPS, parei em um posto de combustível muito grande na cidade de Zarate, onde aproveitei para fazer um lanche e ligar para Paysandu informando meu horário de chegada. Saindo de Zarate a estrada está excelente, trata-se de uma rodovia de duas pistas de rolagem e asfalto perfeito, onde aproveitei para andar mais forte. Cheguei em Colón por volta das 20:00 e após fazer toda a papelada de saída da Argentina e entrada no Uruguay, fui direto para a casa dos meus tios em Paysandu. Era hora de descansar, curtir a família e contar as histórias vividas até o momento.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

10º dia – Zapala / Santa Rosa

Acordei com o despertador tocando às 7:00 e pulei da cama decidido a sair logo daquela cidade e voltar a ter uma viagem prazerosa, fui para o banheiro, liguei o chuveiro e a água não esquentava, esperei por 15 minutos e o máximo que consegui foi uma água morna, como havia sentido tanto calor durante a noite, não dei muita importância para aquilo, apesar de que por $50,00 e um quarto daqueles, água quente era o mínimo que eu esperava. Tomei um banho rápido, coloquei a roupa que ainda estava um pouco húmida e desci para tomar o café da manhã, chegando lá, fui servido com um café requentado e um croissant que parecia ser feito de borracha. Após o café, fui acompanhado até a garagem para buscar a moto e quando saio do hotel, para completar a minha felicidade, vejo que a neblina estava tão intensa, senão mais, que a noite anterior, parei na frente do hotel e carreguei as coisas.

Segui o GPS até um posto de combustível com loja de conveniência com Internet, eu precisava consultar alguns mapas para definir o caminho que iria seguir, minha intenção era seguir pela Ruta 40 até Mendoza. Após verificar os mapas e consultar frentistas e policiais, fiquei sabendo que para continuar pela Ruta 40 eu teria que enfrentar longos trechos de rípio, estradas desertas e sem postos de combustível, levando em consideração que a bandida possui altura, suspensão e pneus para asfalto e com uma autonomia de pouco mais de 200Km, essas condições se faziam impossíveis para mim. Frustrado por ter passado pelo sufoco do dia anterior por nada, a neblina se manteve implacável durante os 200Km até Neuquén e pancadas de chuva me acertavam a cada meia hora. Chegando a Neuquén, parei no mesmo McDonalds que havia parado na ida e aproveitei para almoçar, após comer, nova pesquisa de itinerário já que a partir dali eu não seguiria pela mesma rota da vinda, era hora de encarar a pampa argentina, região semiárida formada por longas planícies, muito pouco tráfego, fortes ventos e poucos postos de gasolina. Finalmente a chuva e a neblina se foram e desse momento em diante o tempo só melhorou, segui viagem consultando frequentemente o GPS, uma vez que haviam saídas para diversas rotas, me certifiquei que havia um posto de gasolina a 160Km e após entrar na ruta 6, aproveitei para uma tocada mais “esperta”, mantive a velocidade entre 220 e 240Km/h e cheguei no posto de gasolina na “cidade” Casa de Piedra (coloquei entre aspas pois se aquilo é uma cidade, meu nome é Napoleão Bonaparte) já na reserva. Ali começariam meus problemas com dinheiro, eu não carregava muito e dali até Santa Rosa nenhum posto aceitava cartões de crédito. Após o abastecimento e sabendo que a distância entre os postos aumentaria, fui obrigado a baixar o ritmo da tocada, mantive uma velocidade de 120Km/h e no caminho passei por muitos povoados de beira de estrada com postos de combustível bastante precários, procurei não pensar muito na qualidade do combustível e só torcia para que a Bandida aguentasse bem seja lá o que fosse que estava entrando no tanque dela.

Após a estrada deserta, cheguei a Santa Rosa por volta das 20:00 e estava faminto, notei que havia um restaurante no posto Shell onde parei e além de abastecer a Bandida, me abasteci com uma maravilhosa milanesa napolitana. Saciado, saí a procura de um hotel e assim como os postos de gasolina no caminho, também não aceitavam cartões de crédito. Após parar em mais de 5 hotéis, acabei encontrando um que aceitava cartão e estava de acordo com o que eu pretendia pagar por um pernoite, guardei a Bandida na garagem e fui para o quarto, que diferença! O quarto era grande, confortável e tinha água quente! Após um bom banho, chegou a hora de cair no sono, já que o dia de amanhã vai ser puxado, pretendo tocar 900Km até Paysandu no Uruguay.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

9º dia – San Carlos de Bariloche / Zapala

Como havia ido dormir cedo na noite anterior, acordei fácil com o despertador tocando pontualmente às 7:00, levantei e fui direto para um bom banho já que um longo e frio dia me esperava. Eu já havia deixado os alforjes prontos na noite anterior, então não havia com o que perder tempo, coloquei a roupa e desci para o último café da manhã em Bariloche. Chegando no restaurante do hotel, lá estava a Sra. Ana me esperando com um café da manhã completo e como eu era o único hóspede, tinha toda a atenção voltada para mim. Após me servir de croissants quentinhos, geleias e um café delicioso, ela sentou ao meu lado e ficamos conversando, logo em seguida o Sr, Erick se juntou a nós e ficamos falando sobre a aventura que eu vinha realizando e sobre as que eu ainda pretendia realizar, aproveitei para ouvir um pouco mais sobre a história da cidade, ver algumas fotos e tudo isso enquanto eu olhava a chuva e gelo do lado de fora da janela e imaginava o que estaria por vir nesse dia.
Após o café, peguei os alforjes e mochila e fui para a garagem preparar a bandida, tudo amarrado e encapado, voltei à recepção para me despedir e devolver o controle da garagem, não poderia ir embora sem pedir para tirar uma foto e prometer que quando eu voltasse à cidade, certamente me hospedaria lá novamente.

Saí do hotel por volta das 9:00, não havia a menor possibilidade de sair antes já que ainda estava escuro e havia muito gelo nas ruas, imaginava como seria na estrada. Saindo da cidade, lembrei de um pequeno detalhe, eu estava sem pesos argentinos pois havia usado todo o dinheiro para o pagamento do hotel! Eu já estava a uns 15Km do centro da cidade e quando me preparava para dar a volta, vejo uma placa indicando a direção para o Aeroporto Internacional de Bariloche e pensei: Já que o aeroporto é caminho para onde eu estava indo, para que voltar até a cidade? Então segui destino ao aeroporto, após 20 minutos me dei conta de que essa havia sido uma má escolha já que o aeroporto ficava bem mais longe do que eu imaginava e a estrada para lá estava terrível, quero dizer, pela quantidade de gelo no asfalto, eu não podia passar de 50Km/h. Chegando ao aeroporto, fui direto à casa de câmbio e quando olhei a cotação do Real quase tive um ataque! Eles me pagavam praticamente 1:1 com o peso argentino, apesar de todo o gasto de combustível e tempo para voltar à cidade, não havia a menor possibilidade de que eu trocasse dinheiro alí, sendo assim, lá fui eu fazer todo o caminho de volta até a cidade, podem imaginar a minha felicidade né?
Troquei dinheiro, abasteci novamente e lá vamos nós destino a Villa La Angustura, até o momento, esse tinha sido o trecho onde mais senti frio durante a viagem, apesar de estar totalmente desconfiado com a polícia argentina (motivos não me faltaram), quando encontrei um posto policial, parei e aproveitei para entrar e me aquecer um pouco. Após alguns minutos de conversa com os policias, fiquei totalmente surpreso sobre a diferença do pessoal do interior, me senti tão à vontade que contei o ocorrido com as minhas experiências anteriores com a polícia da província de Buenos Aires, eles ficaram envergonhados e me pediram desculpas por seus colegas e disseram que infelizmente isso é uma prática comum daqueles. Na saída aproveitei para pedir que me tirassem uma foto com o cartaz de bem vindos a Villa La Angostura de fundo.

Chegando na cidade, aproveitei para dar um passeio e conhecer um pouco mais sobre esse lugar tão comentado mas sinceramente não sei se andei pelos lugares errados ou se é tudo conversa de quem não conhece a cidade mas sinceramente não encontrei nada de mais. Como eu estava com a viagem atrasada devido ao tempo que perdi na saída de Bariloche, parei em um posto YPF, abasteci e segui o GPS rumo a San Martin de los Andes, mal sabia eu o que iria encontrar pela frente, mais de 120Km de rípio! Para quem não conhece, rípio é como se fosse um cascalho porém de pedras arredondadas que fazem o pneu deslizar que é uma maravilha, isso somado ao fato de que chovia e eu estava em uma estrada sem pavimento e com pneus de asfalto, tornaram esse trajeto que é composto por lindas paisagens em um inferno. Passado esse trecho, voltei para o asfalto e logo em seguida cheguei a San Martin de los Andes, cidadezinha bem aconchegante onde dei uma parada para tirar algumas fotos e fumar um cigarro.

Decidi abastecer em Junín de los Andes que ficava bem próximo dali e pelo que eu pude consultar pelo GPS, era a última cidade onde eu encontraria abastecimento, era também o ponto da viagem onde eu entraria na Ruta 40, estrada famosa entre os aventureiros já que esta liga os Andes até o deserto de Atacama, uma espécie de Rota 66 da Argentina. Conforme minha programação, abasteci em Junin, confirmei que não haveria mais abastecimento por pelo menos 200Km até Zapala e peguei a estrada rumo a essa cidade, já eram por volta das 17:00 e essa havia sido a pior decisão que eu havia tomado nesta viagem, deveria ter ficado para dormir em Junin. Apesar de eu ter que manter uma velocidade de no máximo 120Km/h para economizar combustível, a viagem estava muito agradável, lindas paisagens, asfalto perfeito, belas curvas e tudo correndo maravilhosamente bem, assim foi por cerca de 50Km até que comecei a notar um pouco de neblina e com ela, a temperatura que já estava bastante baixa, começou a incomodar bastante, a partir desse momento, a cada quilômetro rodado a neblina se tornava mais densa, com essa condição climática, pude comprovar o que eu já tinha praticamente certeza, o capacete Nuvo é um lixo no quesito anti-embaçamento. Assim rodei por mais ou menos uns 80Km e quando achei que a situação não poderia ficar pior, começa uma chuva torrencial! Agora imaginem, o sol que já estava muito fraco havia se posto, neblina tão densa que não me permitia ver mais de 5 metros à frente, uma chuva torrencial, frio de congelar qualquer um e a preocupação com o consumo da moto, visto que eu havia planejado chegar à Zapala no limite do combustível, como eu estava rodando a velocidades de no máximo 60Km/h a autonomia ficou seriamente comprometida. Fiquei apavorado quando o odômetro marcou 210Km, a indicação do final da reserva começou a piscar (isso indica que restam menos de 1,5 litros de combustível no tanque), o que se traduz em mais ou menos 20Km disponíveis para rodar, não passava nem alma penada por aquela estrada, eu já estava em um nível onde não conseguia nem ao menos mexer os dedos de tanto frio e para meu desespero, até esse momento eu não conseguia visualizar sequer alguma iluminação, cartaz ou qualquer outra indicação de proximidade da cidade. A neblina estava tão forte que eu estava na estrada e subitamente encontrei a avenida principal da cidade à minha frente, somente nesse momento pude ver a iluminação dos postes da avenida, cheguei a gritar “uhuuuuuuu!” da minha felicidade por ter conseguido chegar com o combustível , parei a bandida em baixo de uma parada de ônibus, desliguei e tive que agarrar o cano de escape sem as luvas para aquecer as mãos pois não conseguia mexer os dedos, minha mão estava com uma cor azul arroxeada, peguei o GPS para encontrar o posto de combustível mais próximo, a indicação era de que ficava a 2Km de onde eu estava, guardei o GPS e rumei para lá. Chegando no posto enchi o tanque, que guardou 18,7 litros de gasolina aditivada, o que significa que eu tinha apenas 300ml de combustível disponível, obrigado senhor! Como eu estava com fome e com um frio que não me deixava parar de tremer, decidi entrar na loja de conveniência onde comi uma torrada e bebi um chocolate quente, aproveitei o momento de pagar para perguntar a respeito de hotéis na cidade e fui informado de que a cidade contava com 3 hotéis, um hotel cassino de luxo e dois hotéis razoáveis, sendo que um foi fortemente recomendado. Subi na bandida e rumei para o hotel, quando eu havia rodado mais ou menos 1Km do posto, me dei conta de que havia esquecido o aparelho ortodôntico na loja de conveniências, sim, mais uma vez esqueci o maldito aparelho! Voltei ao posto e para não perder o costume, tive de revirar o lixo para encontra-lo. Rumei novamente para o hotel indicado, chegando lá, fui informado de que não haviam vagas disponíveis, então me mostraram o outro hotel que ficava a uma quadra de distância dali, não conseguir um hotel para passar a noite era só o que me faltava nesse dia infernal. Cheguei ao hotel e haviam vagas disponíveis, tive que pagar a diária em dinheiro e adiantado, acho que ficaram preocupados de eu não ter dinheiro devido ao meu estado, e então fui empurrando a bandida até uma garagem podre a 2 quadras de distância, essa era a garagem do hotel. De volta ao hotel, peguei minhas coisas que havia deixado na recepção, peguei a chave e fui direto para o quarto, quando abri a porta, esta bateu no armário que ficava atrás e quando liguei a luz, quase tive um ataque, o quarto todo era do tamanho de um banheiro, cabia a cama de solteiro anão no canto da parede, na frente o armário que batia na porta e do outro lado, a 30cm ficava a parede, por onde a pessoa se espremia para chegar ao banheiro, que tinha o mesmo tamanho do quarto. Tirei toda a roupa molhada e fui direto para um banho quente, na verdade isso era o que eu queria, mas o máximo que consegui foi uma água levemente morna. Fui para a cama, me cobri e ao contrário do frio que eu estava sentindo antes, comecei a sentir muito calor, quando eu olho para a parede que ficava a 30cm da cama, me dei conta de que ali havia um aquecedor do tipo radiador praticamente do tamanho da cama! O calor que emanava daquilo era insuportável e apesar do frio que fazia lá fora, fui obrigado a abrir a janela, caso não fizesse isso era possível que eu pegasse um bronze durante a noite! Tudo que eu queria era que esse dia terminasse de uma vez, então apaguei a luz, fechei os olhos e finalmente, sono!

terça-feira, 8 de junho de 2010

8º dia – San Carlos de Bariloche

Acordei com o despertador do celular tocando pela décima rodada, ele estava programado para tocar às 8:00 mas acordei somente às 9:20, aquele gosto de ressaca na boca e com a sensação de que a minha cabeça parecia um porongo, para quem não conhece, é a “madeira” utilizada para fazer cuias de chimarrão. Dei uma lavada na cara, coloquei a roupa e saí correndo para o café da manhã, fui muito bem recebido pelo Sr. Erick e Sra. Ana, que já me esperavam desde cedo para o café, eu era o único hóspede do pequeno hotel e tinha toda a atenção voltada para mim. Após os croissants com manteiga e requeijão e um café com leite delicioso, peguei a bandida e corri para o famoso Cerro Catedral, esse seria meu segundo e último dia em San Carlos de Bariloche e eu não queria desperdiçar nem um minuto. No caminho, segui por uma estrada que me fez gostar mais do que nunca de estar de moto, curvas maravilhosas (não para acelerar pois havia gelo na pista) e uma paisagem deslumbrante, uma pena que está tão longe de casa, caso contrário passaria por ali todos os dias!
Chegando no Cerro Catedral, fiquei imaginando aquele lugar em alta temporada, é um parque grandíssimo e com estrutura para tal, onde se pode encontrar desde hotéis de luxo a galerias recheadas de boutiques de todos os tipos de produtos invernais. Podem imaginar que fiquei circulando pelo parque até olhar tudo né? Quando terminei a caminhada, era hora de subir até o pico da montanha! Após comprar o ticket que dava direito à utilização do teleférico, fui para um salão de espera com grandes janelas que permitiam a vista da montanha nevada e como qualquer ponto turístico, uma loja com todo o tipo de souvenires possíveis.

Enquanto esperava e admirava a paisagem, me dei conta da quantidade de brasileiros que ali estavam, me senti em casa! Após quase uma hora de espera, finalmente chegou a minha vez de subir no teleférico.

No caminho para cima que levou por volta de 10 minutos, escutei atentamente as explicações do controlador do teleférico que salientou o frio que fazia na parte de cima da montanha e pediu que todos que não possuíam algo para cobrir a boca, que passassem manteiga de cacau ou batom no caso das mulheres, lembrou também que deveríamos manter as câmeras digitais, filmadoras, celulares e qualquer outro equipamento eletrônico dentro dos bolsos ou junto ao corpo, pois o frio intenso faz com que as baterias percam totalmente a carga. Ainda durante a subida e com o teleférico todo fechado, já era possível sentir a queda da temperatura mas quando a porta se abriu, somente um comentário: NOOOOOSSA!! Na saída havia um corredor que dava acesso a um lindo restaurante/confeitaria e ao primeiro nível da montanha, chamado de base, pois é de onde partem as aerosillas que levam os esquiadores ao topo da montanha.

Sem perder muito tempo, pulei em uma dessas cadeiras e segui rumo ao topo, como a cadeira obviamente é aberta, o frio nessa subida era algo de outro mundo, achei que quando chegasse lá em cima já estaria vestido de boneco de neve! Conforme avisado pelo cara do teleférico, a câmera que estava com a bateria cheia “entrava na reserva” após alguns instantes de ser retirada do bolso.

Chegando no topo, fiquei em dúvida se era pelo frio ou pela vista que fiquei se fôlego, mas o fato é que me deparei com uma das paisagens mais lindas que já vi!

Após passear por todo o topo da montanha, brincar com a neve, gritar para ouvir o eco e estar cansado de esfregar a bateria da câmera para poder tirar muitas fotos, era hora de realizar mais um sonho. Esquiar!! Aluguei os esquis, e com o aluguel vem um cursinho de 15 minutos onde o FDP do instrutor fez parecer que esquiar é como trocar de canal na TV, o aluguel é por hora, da qual passei 40 minutos tentando quebrar meu corpo inteiro de tanto que caía! Cheguei a pensar em colocar o capacete antes de sair de lá com traumatismo craniano mas todos já estavam me olhando como se eu fosse me atirar lá de cima só por estar com o capacete em baixo do braço, imaginem se coloco ele na cabeça. Como ainda me restavam 20 minutos e eu ainda não havia tirado uma única foto de esquis, resolvi pedir para um senhor que vive de tirar fotos que me tirasse algumas, assim pelo menos teria uma recordação e de quebra faria os amigos darem algumas boas risadas.

Após a função dos esquis, resolvi tomar um chocolate quente no outro restaurante/confeitaria que fica no topo, já era de se prever, deixei um rim alí como pagamento pela bebida, $30!
Cadeira e teleférico para baixo, caminhada para a moto e era hora de seguir rumo ao comentado Circuito Chico, estrada que costeia o lago Nehuel Huapi e entra pelo meio de um bosque lindo e muito bem cuidado, pra variar, com vistas maravilhosas das montanhas e dos lagos formados pelo degelo.

O sol estava se pondo e o frio começava a ficar feio, era hora de voltar para o hotel, deixar a moto na garagem, dar uma caminhada pela cidade (desta vez sóbrio) e jantar. Adorei o centro da cidade à noite, tudo muito iluminado e limpinho mas o que mas gostei foi da praça do centro cívico, cercada pela prefeitura, centro de informações turísticas e delegacia que possuíam uma arquitetura bem rústica e que dava um toque aconchegante.

Acabei indo jantar no restaurante Cocodrilo´s, mais uma das indicações do Sr. Erick e mais uma vez não me arrependi, como eu não havia comido nada o dia todo, estava faminto e pedi uma pizza grande de calabresa, era enorme então acabei levando para hotel para uma possível boquinha mais tarde mas como estava muito cansado, acabei tomando uma banho e indo dormir sem nem ao menos lembrar da pizza.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

7º dia – Piedra del Águila / San Carlos de Bariloche

Acordei por volta das 8:00, tomei um banho e fui direto tomar o café, como já havia perdido muito tempo no dia anterior, o que fez com que a viagem atrasasse em um dia, não queria perder nem um minuto para o trajeto final até San Carlos de Bariloche. Durante o café da manhã, conheci a esposa do senhor que me recebeu na noite anterior, o proprietário do Hostal El Ciervo, ela se chamava Maria e era uma mulher muito simpática que me falou sobre muitas das tradições do povo que ali vivia, como de costume, engrenei no papo e perdi mais ou menos mais uma hora.

Após mais uma meia hora recolocando os alforjes e mochila na moto, estou tirando ela da garagem, olhei para a minha direita e sobre as formações rochosas vi uma águia gigante, no mesmo instante perguntei a senhora Maria o que era e ela me falou que essa águia foi colocada ali no ano de 2002 em comemoração aos 200 anos do povoado, que se chamava Piedra del Águila (Pedra da Águia). Não resisti e subi o morro para ver a Águia mais de perto e no caminho a forma rústica do consultório médico me chamou a atenção.

Feito o “reconhecimento” da área, parti com a bandida para o abastecimento e em seguida peguei a estrada para percorrer os 200Km restantes até o meu destino, San Carlos de Bariloche. Após rodar por volta de 100Km comecei a ver os montes nevados e o frio nesse momento era impressionante, além disso, tomei alguns sustos com os deslizes da bandida sobre o gelo que se encontrava sobre a pista. Tive que adotar a prática de parar a cada 50Km para aquecer as mãos agarrando o escapamento da moto pois a dor nos dedos era praticamente insuportável.

Chegando a Bariloche, parei no primeiro posto de combustível decente que encontrei e que contasse com cafeteria, era um Petrobras e ali tomei um bom chocolate quente com croissants para aquecer o corpo, como a loja contava com Internet Wi-Fi, aproveitei para pegar o micro e ligar via Skype para casa e avisar que eu já havia chegado ao meu destino e que tudo estava muito bem. No posto, após reabastecer a bandida, aproveitei para perguntar sobre alguma loja de moto peças, uma vez que já estava mais do que na hora de trocar o óleo da filhota. Agradeci e saí dali com o objetivo de encontrar um hotel e me estabelecer já que ainda era cedo e eu não queria desempenhar essa tarefa à noite, quando o frio é muito forte e andar sem rumo não é uma ideia muito inteligente. Para encontrar um hotel, nada melhor que o centro de informações turísticas da cidade, justo quando saía do posto vi o cartaz e segui as indicações até lá, entrei e especifiquei bem o que eu procurava, um hotel com garagem para a bandida, que tivesse uma cama, um chuveiro e que fosse o mais barato possível, na mesma hora a atendente me passou o nome, Hostal Las Amapolas. Coloquei o endereço no GPS e fui direto para lá, ficava a 3 quadras do centro e era um lugar bem hospitaleiro de frente para o lago Nehuel Huapi, fui atendido por uma senhora de idade simpaticíssima chamada Ana e em seguida apareceu seu marido, um canadense chamado Erick e pra lá de gente fina, me passaram as informações sobre a hospedagem, acertamos valores e já me instalei no quarto. Como eu ainda tinha que trocar o óleo da bandida e já eram por volta das 16:00, não perdi tempo, saí em seguida para o Lubricentro, centro de venda e troca de lubrificantes de veículos da cidade, eles não trocavam óleo de motos mas me emprestaram as ferramentas numa boa, sendo assim, comprei óleo ali mesmo e fui trocar por conta própria.

Após a troca de óleo, fui direto para o hotel pois tudo que eu queria era tomar um banho e descansar um pouco, na chegada de volta ao hotel, fiquei um bom tempo conversando com o senhor Erik e durante a conversa perguntei sobre onde ele me recomendaria jantar, deixei claro que procurava algo não turístico e de preço acessível e as recomendações foram de uma Parrilla (Churrascaria), uma casa de massas e um restaurante normal, como sou louco por carne, nem preciso dizer qual escolhi. Subi, tomei um banho, coloquei um roupa normal (até o momento estava vestindo a roupa de cordura para a moto) e saí, quando saí, o frio me mandou de volta para dentro do hotel, olhei o termômetro do lado de fora e ele marcava -8°, coloquei a segunda pele, a roupa de cordura, as luvas e as botas, problema frio resolvido! A churrascaria ficava a uma quadra do hotel, entrei, pedi a recomendação do garçom e juntamente com a indicação da comida veio a do vinho, já conhecia a reputação dos vinhos argentinos e quando vi o preço de $24,00 (R$12,00) mandei vir, quem me conhece sabe que não bebo e fazia muito tempo desde a última vez que havia bebido alguma coisa alcoólica mas aquela situação pedia um vinho. Fiquei nessa de vinho, pão com chimichurri (tempero caseiro comum no Uruguay e Argentina) e vinho até a chegada da comida, onde substituí o pão pela carne mas o vinho continuava, após o término da refeição o vinho continuava existindo na garrafa e como seria um pecado deixar lá e eu sabia que no hotel não iria beber, fiquei sentado bebendo até que o vinho acabasse, quando isso aconteceu fui levantar para ir embora e somente nesse momento me dei conta do meu estado etílico, saí do restaurante para o lado errado e acabei caminhando umas 30 quadras por Bariloche até encontrar o hotel que ficava, como eu havia dito antes, a uma quadra de distância, além disso, quando cheguei o senhor Erik quis conversar e eu quase não conseguia falar, ele se deu conta do meu estado e me deixou seguir para o quarto, acho que dá pra imaginar que não demorou muito para eu estar atirado na cama dormindo.

domingo, 6 de junho de 2010

6º dia – Choele Choel / Piedra del Aguila

Como apesar de ter chegado cedo ao hotel acabei dormindo tarde, acordei com o despertador do celular tocando às 8:00 mas a preguiça estava grande e como eu estou de férias, não havia motivos para sair correndo, então dormi por mais uma hora, acordando às 9:00. Levantei, tomei um banho, arrumei todas as coisas nos alforges e mochila e fui fazer o check-out. Chegando na recepção, lá estava a senhora simpática de novo e como desta vez eu estava descansado e com um dia frio e nublado me esperando lá fora, fiz questão de bater um papo com ela, logo em seguida chegou a filha que também entrou na conversa e para resumir a história, saí do hotel quase 11:00. Eu estava faminto já que não havia jantado, então voltei ao posto onde havia abastecido e pedido informações ontem para tomar um café da manhã, para variar era um posto YPF e tomei o café da manhã na Full.

Considerando a hora que eu estava saindo, era óbvio que eu não chegaria a San Carlos de Bariloche antes da noite e com o frio que já estava fazendo em Choele Choel, pude imaginar como ficaria o tempo conforme eu me aproximasse das cordilheiras, então estava decidido que eu não rodaria à noite de jeito nenhum. Passei por Neuquén por volta das 14:00 e como eu não queria perder muito tempo, parei em um posto de informações turísticas e perguntei diretamente, o que há em Neuquén que eu não posso ir embora sem ver? O rapaz que me atendeu me disse que eu deveria conhecer Villa El Chocón, lugar de lindas paisagens e parque paleontológico, agradeci e saí correndo. Na saída da cidade encontrei um McDonalds e pensei, se eu não esquecer meu aparelho ortodôntico e não ficar de conversa com ninguém, esse é o lugar mais rápido que eu posso comer. Como não pude fazer meu pedido clássico, aqui não existe o Cheddar, comi um Big Tasty e um outro que não lembro o nome e saí correndo novamente.
Após uns 40Km rodados, quando chego ao topo de uma subida na estrada, me deparei com uma vista maravilhosa de um lago gigante de cor azul forte e na cabeceira da estrada um outdoor de um dinossauro, havia chegado ao lugar indicado pelo rapaz do posto de informações turísticas.

Quando peguei a estrada de volta, já estava anoitecendo e o frio estava pegando forte, então enrolei o cabo decidido a chegar o mais próximo que eu aguentasse de San Carlos de Bariloche, minha resistência terminou na cidade de Piedra del Aguila, distante 150Km de Bariloche. Parei no primeiro posto que encontrei e perguntei sobre hospedagens no lugar, o indicado foi um lugar chamado Hosteria El Ciervo, rodei 300m e cheguei ao lugar. Gostei bastante pois é um lugar bem rústico e original, com uma boa garagem para a bandida e com o preço de $80,00 com café da manhã incluído. Esse preço para um local perto de Bariloche é ótimo! Como estava muito frio e sem vontade alguma de ficar rodando pela cidade à procura de outras opções, fiquei por lá mesmo. Cheguei no quarto, tirei a roupa (que alívio), tomei um banho e lá vamos nós para mais uma merecida noite de sono.

sábado, 5 de junho de 2010

5º dia – Bahía Blanca / Choele Choel

Hoje pelo menos consegui acordar a tempo de pegar o café da manhã com tranquilidade, coloquei uma roupa e desci, eram por volta das 8:30 quando cheguei ao restaurante. Realmente, conforme informado pelo recepcionista do hotel na noite anterior, o café da manhã valeu o valor mais alto da diária, havia de tudo em abundância! Croissants, presunto, queijo, ovos mexidos, cereais, iogurte, docinhos e tudo mais! Aproveitei para forrar o estômago já que havia dormido com fome e teria um longo dia pela frente. Após o café, voltei ao quarto para me preparar para sair, tomei um banho e então pensei na conversa rápida que havia tido com o Diego na frente do hotel, para todos os contatos que ele ligou, não conseguiu encontrar o pneu para a minha moto e sabendo que eu teria que trocá-lo, peguei o notebook e desci para o saguão para usar a Internet. Liguei para a autorizada Suzuki e informei a minha situação, o rapaz que me atendeu disse que iria verificar se eles dispunham do pneu que eu precisava e voltaria a me ligar, passei o telefone do hotel e desliguei. Nesse meio tempo aproveitei para ligar para casa e avisar que estava tudo bem, onde eu estava e a dificuldade que estava tendo para encontrar um pneu, enquanto eu estava falando com a minha mãe, o recepcionista do hotel me informou que havia uma ligação para mim, desliguei e fui atender a ligação. O rapaz da Suzuki disse que tinha um pneu com as medidas que eu queria porém era um modelo diferente do que eu estava procurando, me cobrou o absurdo de $1450 pelo pneu e mais $100 para a colocação, o que totalizava $1550,00, o equivalente a R$750,00, além disso não aceitavam cartões de crédito, somente em dinheiro vivo. Agradeci e disse que entraria em contato se necessário. Nesse momento liguei para a Suzuki de Neuquén, cidade para onde eu estava me dirigindo (o pneu aguentava até lá) e expliquei minha situação, prontamente o rapaz que me atendeu disse que tinha um contato em Bahía Blanca que poderia me ajudar e me passou o endereço dessa loja que se chamava SJ Motos e que eu deveria falar com o Maurício. Voltei ao quarto, guardei tudo, coloquei a “armadura”, fechei a conta no hotel e fui para essa loja. Lá chegando fui atendido pelo Maurício que prontamente começou a ligar para seus contatos e procurar pelo pneu que eu desejava, um Michelin Pilot Road II nas medidas 160/60/17. Após alguns minutos no telefone, me informou onde eu conseguiria, o valor de $1150,00 e ainda aceitavam cartão de crédito! Agradeci muito a ajuda e fui ao encontro dessa loja que tinha o que eu estava procurando.

Quando cheguei na loja de Moto Repuestos, fui atendido por um senhor chamado Gerardo que me atendeu com toda a atenção e já foi me mostrando o pneu, perguntei se eles instalavam e ele respondeu que não mas me indicaria o único lugar da cidade que seria capaz de fazer um serviço de qualidade, entreguei o cartão de crédito a ele e fiquei aguardando, o primeiro cartão deu saldo não disponível (péssimo sinal), entreguei o outro e veio a mensagem de que uma autorização por telefone era necessária (compra internacional de valor elevado é isso mesmo). Resumindo, nesse meio tempo acabei comprando um filtro de óleo original e saí de lá por volta das 13:20. Cheguei até o lugar que me foi indicado para a montagem e balanceamento do pneu e... Fechado! Achei que não abririam mais já que hoje é Sábado, então fui até um posto, abasteci, tomei um refrigerante e só por descargo de consciência resolvi passar de novo pela Gomeria Universitária, continuava fechado. Como não sou de desistir fácil, perguntei em um bar que fica na frente do lugar se eles abriam aos Sábados e fui informado que abririam às 14:00, fiquei esperando até 14:15 e nada! Quando já estava decidido a seguir viagem e trocar o pneu em Neuquén (teria que ficar mais um dia pois chegaria em Neuquén bem após o horário comercial e amanhã é Domingo) vejo que um senhor estava na porta da oficina olhando para o relógio, perguntei se ele estava também aguardando e ele respondeu que sim, que havia falado com o proprietário pelo telefone e que o mesmo já estava abrindo. Mal terminamos de falar e o portão começou a se abrir. Nesse lugar tive mais uma comprovação de que o povo argentino é da melhor qualidade, além de me tratarem com todo respeito e carinho, me cobraram um preço justo pelo serviço e enquanto o mesmo estava sendo feito, me preparam especialmente um café. Pessoas sensacionais e a conversa não poderia ser diferente, riram bastante das minhas histórias das coimas e me passaram diversas informações sobre o trecho que eu enfrentaria até Neuquén.

Saí de Bahía Blanca por volta das 16:30 e dada a hora da saída, era evidente que eu não conseguiria chegar a Neuquén a tempo visto que estas cidades ficam a uma distância de 600Km uma da outra. No trajeto, ficou evidente a mudança de clima e de terreno, quanto mais eu me aproximava de Neuquén, mais árida a paisagem se tornava e mais eu sentia o frio. Como a minha roupa é impermeável, se eu transpirar em algum momento, o suor fica entre a calça e a pele até que eu tire e seque, sendo assim, como eu havia transpirado muito durante o dia correndo atrás dos pneus e depois com a instalação, eu estava sentindo muito frio nas pernas que estavam húmidas e o frio já estava bem forte. Cheguei até um povoado chamado Choele Choel por volta das 20:00 e parei em um posto para abastecer e pedir informações sobre algum hotel econômico, prontamente fui informado sobre um e assim que terminei de abastecer, fui pra lá. Chegando no hotel, achei o preço salgado para um pequeno hotel de povoado $110,00, então decidi procurar outras opções. Logo ao lado encontrei um outro hotel onde fui atendido por uma senhora muito simpática que me informou o valor de $80,00 pelo pernoite (ambos sem café da manhã), como sou mão de vaca, eu admito, resolvi procurar outras opções mais baratas e o único outro hotel que eu encontrei cobrava o mesmo valor $80,00. Como achei a senhora do hotel muito legal, resolvi ficar com aquele e voltei. Guardei a bandida na garagem, fiz a ficha de entrada e corri para o quarto. Mais uma noite de sono.

4º dia – Mar del Plata / Bahía Blanca

Como eu estava a dois dias sem dormir e extremamente cansado, acabei nem ouvindo o despertador, que estava programado para 8:00, tocar e acordei às 9:50, pulei da cama e saí correndo do quarto já que o café da manhã do hotel somente era servido até às 10:00. Deveria ter ficado na cama, já não havia mais leite e o café era uma porcaria, além disso, não havia nada para comer além de alguns croissants duros. Depois disso, voltei para o quarto para tomar um banho, colocar a “armadura”, dar uma volta rápida pela cidade e pegar a estrada novamente.

Durante o passeio, em uma parada para admirar a paisagem, notei que havia um rapaz e uma garota empurrando uma camionete que não fazia a menor menção de querer pegar, como estou sendo tão bem tratado por este povo, não pensei duas vezes e resolvi ajudar, fui até lá e empurrei o carro até pegar, para quem conhece a expressão, quase coloquei os bofes para fora! Após o passeio rápido pela cidade, LINDA diga-se de passagem, resolvi passar na loja do Diego e seu Francisco para me despedir e agradecer mais uma vez por toda a ajuda prestada, para a minha surpresa a ajuda não havia parado por aí, eles ligaram para a filial de Bahía Blanca, cidade para onde eu estava me dirigindo e pediram que o responsável pela filial, que também se chamava Diego, ligasse para todas as lojas de pneus de motos na cidade e conseguisse o pneu para que eu pudesse instalar no outro dia cedo pela manhã. Esse pessoal é mesmo sensacional! Após uma boa conversa com os dois, pedi para tirar uma foto com eles para levar de recordação dessa gente maravilhosa e saí de Mar del Plata por volta das 13:00.

Já saindo de Mar del Plata notei a grande diferença no tráfego e condições da rodovia que deixou de ser uma autopista com 3 pistas de rodagem para cada sentido por uma estrada simples de mão dupla e com asfalto bem deteriorado devido ao grande tráfego de caminhões. Rodei por volta de 140Km e cheguei a uma pequena cidade portuária chamada Queuén, onde parei para abastecer e fazer um lanche. Saindo da cidade, em torno de uns 15Km, fui parado novamente pela polícia e adivinhem, mais uma coima! Me pediram todos os documentos, quando viram que estava tudo OK, me perguntaram se eu tinha o BTV, é uma inspeção veicular realizada anualmente nos veículos argentinos, obviamente não possuo tal verificação uma vez que isso somente se aplica a veículos argentinos, rebati. Vendo que não estavam tratando com uma pessoa sem conhecimento, decidiram uma nova abordagem, perguntaram se eu não estava carregando alguma coisa que eles deveriam saber, perguntei como assim? Então perguntaram se eu não estava portando alguma arma ou maconha, respondi que obviamente não! Então começaram a revista, primeiro meu corpo, depois me fizeram tirar toda a bagagem dos alforges e mochila, então pegaram meus dois pacotes de cigarro que trouxe para a viagem e perguntaram se eu tinha nota fiscal daquilo, obviamente não tinha! Então disseram que isso configurava contrabando e que teriam que me autuar e me levar até a delegacia na presença de um juiz. Dei risada por dentro pois sei que isso era um absurdo, então respondi que ele estava ali para fazer cumprir a lei e que eu estava de visita a seu país para cumprí-la, logo, se esse era o procedimento para tal infração, que fôssemos então para a delegacia e que ele fizesse o que deveria fazer. Vendo que ele não conseguiria nada comigo, me deixou mais um tempo “de molho” para supostamente pensar na decisão que eu estava tomando, resolvi fumar um cigarro e olhar a paisagem. Depois de um tempo, veio e perguntou novamente qual era a minha decisão, respondi novamente que ele deveria fazer o que a lei mandava e que eu acataria as consequências. Vendo que não teria solução, me devolveu os pacotes de cigarros e já que ele estava “me dando uma força”, pediu que eu deixasse alguma coisa, leia-se dinheiro. Coloquei a mão no bolso e tinha 3 moedas de $1,00, dei a ele e disse que era tudo que eu tinha, ele falou que aquele valor era um absurdo e que eu deveria dar mais alguma coisa, como eu havia comprado alguns chocolates no free-shop do Buquebus, ofereci a eles, pegaram e me desejaram uma boa viagem. Incrível, estão cada vez mais caras de pau!

Com todos essa atrasos durante o dia, apertei o ritmo para não chegar muito tarde à Bahía Blanca já que pelo menos da noite era certo que eu não escaparia, depois de uns 150Km parei na cidade de Tres Arroyos para reabastecer, como não havia nenhum posto à beira da estrada, entrei na cidade. Uma cidadezinha bem simpática de interior onde chamei a atenção por onde passei , parei no posto e fui motivo de vários olhares e comentários, como não tenho dificuldades em fazer novas amizades, 10 minutos depois estava tomando um café, comendo uns croissants e batendo papo com o pessoal (que habilidade que eu tenho de me amarrar nos lugares que paro!). Ficar conversando e trocando experiências é uma coisa que me fascina e apesar de estar bem atrasado, fiquei por volta de uma hora nesse posto. Quando eu estava saindo da cidade passei por um hotel bem simpático e confesso que fiquei tentado a passar a noite alí mas isso iria atrasar totalmente meu cronograma, afinal, eu ainda deveria trocar o pneu da Bandida em Bahía Blanca e pensava fazer isso bem cedo.

Rodei mais uns 150Km e cheguei a uma cidade chamada Comandante Dorrego, com esse nome na entrada da cidade, só não parei para tirar uma foto e fazer uma piada pois estava realmente atrasado. Parei em um posto YPF, tenho preferência por esses postos pois eles contam com uma loja de conveniência chamada Full e as mesmas possuem Wi-Fi. Já eram quase 21:00 e as únicas informações que eu tinha a respeito de Bahía Blanca era que se tratava de uma cidade portuária grande, com nível de violência elevado e a pior parte da cidade era a entrada pois era preciso atravessar uma vila, ou seja, eu tinha todos os motivos para não ir até lá a essa hora, pelo menos não sem um endereço certo, sob essas circunstâncias, ficar passeando na cidade não era uma sábia decisão. Então entrei na loja de conveniências com meu notebook e comecei a procurar hotéis em Bahía Blanca, ligando para alguns perguntando sobre tarifas e disponibilidade enquanto tomava um café. Encontrei um que parecia bom e com um preço justo e fiz a reserva. Quando estou saindo da loja, o frentista do posto me sugeriu ficar na cidade em que eu me encontrava no momento, Comandante Dorrego, e após alguns minutos de conversa ele me convenceu, entrei na cidade decidido a ficar por lá, porém após passar pelos únicos 3 hotéis da cidade cheguei a conclusão de que devido ao preço das diárias, valeria a pena seguir com o plano original e ir até Bahía Blanca.

Quando estou chegando à entrada da cidade, já eram por volta das 23:30, fiquei bem confuso já que não existe nenhuma placa indicando o centro da cidade e existem duas entradas, uma para o porto e outra para o centro, eu estava procurando um lugar seguro para parar e dar uma olhada no GPS e ao mesmo tempo tomando cuidado com a quantidade de caminhões que estavam estacionados sobre a rodovia com as luzes apagadas aguardando a sua vez na fila que nesse momento eu não sabia para onde levava, enquanto andava, notei um moto estacionada no acostamento com uma pessoa em cima falando no celular, conforme me aproximava, notei que não era uma moto pequena e quando cheguei ao lado percebi que se tratava de uma CBR 1000RR modelo novo, pensei rápido nas possibilidades, ou o cara havia roubado a moto, ou se tratava de um motociclista. Pensei, se o cara estivesse roubando a moto, não estaria parado falando no celular, então parei ao lado e aguardei enquanto a chamada não era terminada, após isso nos apresentamos e seu nome era Guillermo, ele estava ligando para a polícia para reclamar sobre a presença dos caminhões sem iluminação sobre a rodovia. Expliquei que estava chegando na cidade e que estava indo para o Hotel Muñiz, aproveitei e perguntei se ele tinha algum outro hotel mais econômico para indicar já que esse cobrava $135,00 a diária. Prontamente ele disse que me levaria até alguns hotéis onde eu poderia consultar valores, após passar por 2 hotéis com o mesmo valor, decidi ir para o hotel em que eu havia feito a reserva, ele me guiou até lá e ficamos conversando na frente do hotel. Nesse meio tempo encostou um Honda Civic na frente do hotel e desceu um rapaz perguntando quem era o dono da moto azul, respondi que era eu, então ele perguntou, tu é o Francisco? Incrível a coincidência! Esse rapaz era o Diego, meu contato indicado pelo Diego de Mar del Plata e seu Francisco! Ele me disse que me aguardava pela loja na parte da manhã, nos despedimos e eu segui conversando mais um pouco com o Guillermo. Quando olhei o relógio e vi que já era passado da 1:00, disse que tinha que descansar, trocamos e-mails, nos despedimos e eu entrei no hotel. Preenchi os registros, guardei a bandida na garagem e boa noite ou bom dia!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

3º dia – Montevideo / Mar del Plata

Como fazer o mesmo caminho mais de uma vez na mesma viagem se torna monótono e eu já havia decido que voltaria ao Uruguay por Paysandú, resolvi cruzar para a Argentina via travessia do Río de la Plata pela empresa Buquebus, para isso eu deveria estar na cidade de Colônia del Sacramento, local de partida do Buque (ferrie boat) mais tardar às 4:00. Para isso saí de Montevideo a 1:00 e não fiz nenhuma parada até Colonia.

Chegando no terminal de embarque, fui comprar a passagem para mim e para a Bandida e qual não foi a minha surpresa quando me informaram o valor, 1800,00 pesos uruguaios (R$180,00). Eu havia pesquisado valores e tinha sido informado que o valor era de 690,00, esqueceram de me informar o valor do transporte da moto :/
Passado o susto e a preocupação de deixar a filhota sozinha na área de carga do Buque, foi só alegria, o barco parece um navio de cruzeiro e possui até free-shop a bordo.

Chegando em Buenos Aires, primeiro problema do dia, a casa de câmbio do terminal Buquebus não trocava reais, somente pesos uruguaios, argentinos e dólares e as casas de câmbio da cidade só abriam a partir das 10:00. Eu não poderia sair de Buenos Aires sem pesos argentinos pois passaria por pedágios, então depois de pensar muito como esse atraso impactaria a minha chegada em Mar del Plata, lembrei que eu ainda tinha 100,00 pesos uruguaios, mas, sempre existe um porém, a casa de câmbio trocava no mínimo 300,00. Depois daquela choradeira para a mulher da casa de câmbio, saí do terminal com 17,00 pesos argentinos, o equivalente a R$8,50.

O tanque estava na reserva e no primeiro e maior posto de Buenos Aires que fui, estavam sem gasolina (inacreditável). Segui as orientações do GPS para chegar a Mar del Plata pensando em parar no primeiro posto que encontrasse, como já havia rodado mais de 10Km pela autopista e nada de posto, quando passei no pedágio, deixei $1,00 de tarifa e perguntei onde havia algum próximo, 5Km foi a resposta. Cheguei no posto, abasteci e quando tirava a moto da bomba para tomar um café e seguir viagem, um argentino chamado Guillermo que estava abastecendo seu carro começou a bater papo comigo, perguntando de onde eu vinha e para onde eu iria, confesso que fiquei bem desconfiado, conheço a fama de Buenos Aires e procurei não dar muitos detalhes sobre o meu roteiro, mas essa desconfiança foi se desfazendo à medida que eu conversava com esse cara, ele estava na correria pois estava trabalhando e mesmo assim, puxou seu mapa e começou a me dar alternativas sobre como chegar a Mar del Plata sem pagar pedágio já que eu estava com muito pouco dinheiro, por fim ele me deu o nome e o endereço de um cliente dele em Mar del Plata (ele é revendedor dos Pneus Toyo) e disse que eu os procurasse caso precisasse de alguma informação ou dica sobre a cidade, agradeci muito e ele foi embora enquanto eu entrava para tomar um café.

Depois do café, segui viagem e apesar do Guillermo ter parecido ser um cara de confiança, achei melhor não arriscar o caminho alternativo recomendado por ele e segui pela autopista nº2 que me levaria direto a Mar del Plata, deixei mais $1,00 em outra praça de pedágio e recebi a boa notícia de que a partir dali eu não pagaria mais pedágios, todas as rodovias nacionais não cobram pedágios de motos. Tudo indo otimamente bem até que após rodar por volta de 100Km sou parado pela Policia de Seguridad Vial, o que equivale a nossa Polícia Rodoviária, eu estava preparado psicologicamente para as coimas, termo argentino para a cobrança de propinas, e estava com tudo em dia na moto e documentação, então tudo bem. Pórem, sim, sempre tem um, após revisarem toda a documentação, me perguntaram onde estava o meu colete refletivo, segundo o policial, equipamento obrigatório para rodagem de motos por vias argentinas, obviamente não tinha tal equipamento e após 5 minutos de ameaças de cobrança de uma multa no valor de $2.500,00, consegui resolver o assunto com os $15,00 que me restavam, fiquei sem nenhum peso argentino mas saí feliz por ter resolvido o assunto com pouco dinheiro e com a promessa de comprar o tal colete na cidade que eu estava passando chamada Chascamuz. No caminho para a cidade encontrei um posto Shell com McDonalds, como a fome estava batendo e ainda me restavam praticamente 400Km, resolvi parar para nos abastecer, a Bandida com gasolina e eu com um Big Tasty. Enquanto estou comendo se aproxima um senhor de aproximadamente 60 anos chamado Jorge e começa a me perguntar sobre a viagem, ele reparou na moto carregada e com placa estrangeira. Mais uma vez fiquei desconfiado mas depois de ele se apresentar como motociclista a mais de 30 anos e dizendo ter rodado toda a América Latina, abri a guarda e resolvi ouvir algumas histórias e dicas de roteiro para fazer pela Argentina e Chile, durante a conversa comentei o ocorrido com a polícia e recebi a grande notícia, esse colete é obrigatório somente na Capital Federal e para motoqueiros de tele-entrega, ou seja, fui enganado! Conversamos tranquilamente por mais de uma hora (os argentinos adoram bater papo), nos despedimos e segui viagem.


Depois de rodar mais de 70Km senti que estava faltando alguma... Meu aparelho dos dentes! Havia esquecido o maldito na bandeja do McDonalds! Confesso que pensei em seguir e deixar pra lá mas como vou estar fora por vários dias e esse aparelho não é barato, além de meus dentes entortarem ainda teria que desembolsar uma boa quantia, então dei a volta e enrolei o cabo para o McDonalds. Chegando lá, obviamente ele já havia ido para o lixo então lá fui eu procurar o infeliz em todos os sacos de lixo da lanchonete, mais uma surpresa com a presteza dos Argentinos, mesmo sem terem nada a ver com o meu problema, o segurança da lanchonete e uma das atendentes começaram a vasculhar o lixo junto comigo. Depois de quase uma hora revirando os sacos no meio de restos de comidas e bebidas, encontrei! Agradeci imensamente a ajuda na busca, lavei várias vezes o aparelho, desinfetei com álcool gel, escovei, coloquei o aparelho na boca, abasteci novamente a Bandida e saí correndo.

Após rodar mais uns 100Km, polícia de novo! Vieram com a mesma história do colete mas eu rebati dizendo que estava ciente e que essa lei somente se aplicava a motoqueiros de tele-entrega da Capital Federal. Disseram que iriam me dar uma força e me liberaram. Valeu Jorge!! Segui mantendo a velocidade máxima da autopista de 130Km/h (essa autopista é o que a free-way deveria ser, uma estrada de 3 pistas com asfalto perfeito e sem cobrança de pedágios para motos), eu estava sendo ultrapassado por todos os carros decentes da rodovia até que resolvi seguir o ritmo dos carros, quando fui ultrapassado por um BMW resolvi seguir o tal e quando olho o velocímetro estávamos rodando a 220Km/h! Adorei! Baixávamos a velocidade quando nos aproximávamos de alguma cidade e depois voltávamos ao ritmo, como tive que abastecer antes que o BMW, quando voltava à estrada vendo que alí não havia limites, seguia na mesma tocada.
Quando cheguei a Mar del Plata já eram 19:00 e estava noite, como não conhecia nada da cidade resolvi passar na loja do contato que o Guillermo me deixou, era uma loja grande da Goodyear e alí tive uma experiência que não vou esquecer jamais. Meu contato se chamava Diego e por incrível que pareça, ele já sabia meu nome e veio me receber com todo o carinho, o Guillermo já havia ligado para ele e avisado que eu o procuraria. O cara só faltou me pagar o hotel de tanto que me ajudou, ligou para seus contatos para que procurassem um pneu para a Bandida que já está precisando de sapatos novos, pesquisou na Internet hotéis baratos na cidade, ligou para vários e fez a reserva de um para mim. Conheci nesse momento também o seu Francisco, pai do Diego que também fez de tudo que pôde para me ajudar, espero um dia poder retribuir o que esse pessoal fez por mim e a forma como me trataram! Fui para o hotel, tirei os alforjes e mochila e guardei a bandida na garagem, merecido descanso!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

2º dia - Rio Grande / Montevideo

Acordei tarde, na verdade cedo mas acabei saindo da cama tarde. ;)

Após uma "mangueirada" na bandida para tirar o excesso de areia da chuva de ontem e reacomodar os alforges mochila e tudo mais, acabei saindo de Rio Grande por volta das 13:30. Abasteci até a borda do tanque e pelas dúvidas enchi também uma garrafa pet de 2 litros já que a última vez que peguei a estrada da reserva do Taim fiquei sem gasolina, não haviam postos de combustível entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.
Estava maneirando na velocidade para controlar o consumo e chegar sem problemas mas após rodar 120Km, eis que enconro um posto em funcionamento, para mim foi uma alegria já que isso significaria poder enrolar mais o cabo e sair logo daquela estrada chata, para quem não conhece, é uma reta interminável de 240Km. Coloquei o combustível da garrafa e completei o tanque na bomba. Após a abastecida, mantive uma velocidade de cruzeiro de 160Km/h e após algumas pancadas de chuva, comecei a sentir o frio pegando, já estava com o forro térmico da jaqueta mas sentia que aquilo já não era mais suficiente para encarar o restante do trajeto até Montevideo.

Parei em Santa Vitória do Palmar, enchi o tanque novamente e depois parei na aduana no Chuí lado uruguaio para fazer as documentações de entrada no país, revistaram toda a bagagem da moto e aproveitei esse meio tempo para colocar o forro térmico das calças, balaclava e lovas térmicas. A estrada do lado uruguaio é uma maravilha, parece um tapete, então mandei ver.

Continuei mantendo a velocidade de cruzeiro de 170Km/h e depois de 140Km já estava bem cansado, com fome, sede e frio. Quando encontrei um posto com bar, não pensei duas vezes. Era um povoado chamado 19 de Abril e ficava a mais ou menos 20Km da cidade de Rocha, comi duas tortugas (sanduíche com pão de hamburguer) e tomei um café caseiro quentinho que havia acabado se ser passado. Praticamente o povoado inteiro apareceu no bar para olhar a moto e fazer perguntas do tipo quanto ela dava de final, qual a cilindrada, etc e tal, desde que comprei a bandida nunca fui tão popular! :P
O pessoal do povoado pediu para que eu saísse andando forte de lá pois queriam ouvir o ronco, eu como quase não gosto de acelerar, nem perguntei de novo, engatei uma primeira e levantei velocidade até os 230Km/h, obviamente que depois baixei para seguir a viagem mas a estrada estava pedindo velocidade, então subi a velocidade de cruzeiro para 170Km/h. Rodei a essa velocidade por aproximadamente uns 10Km, quando avistei uma lanterna vermelha típica da Policía Caminera me fazendo sinal para encostar, parei a moto ao lado do policial e aí começou o meu sufoco.
Não havia ninguém na estrada além de mim e da polícia, me pegaram com o radar a 158Km/h! Depois dessa me convenci de que eu deveria trabalhar como relações públicas ou área comercial, eles queriam recolher a minha moto para a delagacia e que eu fizesse o pagamento de uma multa de 5800 pesos (aproximandamente R$580,00) e após 40 minutos de conversa me disseram que estava tudo bem e que eu não precisava pagar absolutamente nada, ainda me deram a dica de que eu poderia tocar tranquilo por mais 130Km pois era a área de domínio deles. Depois desse me senti na obrigação de oferecer pelo menos um agrado de 200 pesos para um cafezinho... ;)

Seguindo a dica dos policiais, segui de cabo enrolado por mais 130Km até a cidade de San Carlos, onde abasteci novamente, tomei dois cafés expressos e segui por mais 100Km até Montevideo com velocidade de cruzeiro de 130Km/h. Cheguei na casa do pai às 23:20 e caí podre na cama.

domingo, 30 de maio de 2010

1º dia - Porto Alegre / Rio Grande

Finalmente, após horas e horas de voltas e contratempos, conseguí sair de Porto Alegre rumo a Rio Grande às 18:30, para quem não queria pegar a estrada à noite, foi um grande feito!

Aproveitei para fazer uma parada na casa da minha afilhada em Camaquã, tomar um café quente e colocar o forro térmico na jaqueta já que com a suposta parada da chuva a temperatura começou a cair rapidamente. Quando estava saindo de Camaquã, começou uma garoa de leve e fiquei preocupado já que era noite e quem anda de moto e já pegou estrada movimentada a noite e com chuva, sabe como é dificil enxergar.
Abasteci na saída da cidade e quando saí do posto, o mundo desabou em àgua sobre mim, fazia tempo que não pegava uma chuva e rajadas de vento tão fortes.

Peguei chuva direto até Rio Grande e assim que parei a moto, maravilha, sem chuva, definitivamente foi uma tentativa de São Pedro de me fazer desistir da viagem. Ele não contava com um cara tão determinado. :)
Quando fui tirar as coisas dos bolsos da jaqueta, um fato preocupante, tudo que estava neles, estava molhado. Dentre os objetos, minha câmera digital. Pelas dúvidas nem tentei ligar.

Nada como uma boa noite de sono ;)

Viagem de férias - Junho de 2010.

Fala galera!

Finalmente chegou o momento de realizar uma viagem que sempre sonhei fazer, dar uma volta pelo extremo Sul do nosso continente. Segue o roteiro abaixo:

- Porto Alegre, Brasil.
- Rio Grande, Brasil.
- Montevideo, Uruguay.
- Colônia del Sacramento, Uruguay.
- Buenos Aires, Argentina.
- Mar del Plata, Argentina.
- Bahía Blanca, Argentina.
- Neuquén, Argentina.
- San Carlos de Bariloche, Argentina.
- Villa la Angostura, Argentina.
- Zapala, Argentina. 
- Mendoza, Argentina.
- Córdoba, Argentina.
- Paysandú, Uruguay.
- Montevideo, Uruguay.
- Porto Alegre, Brasil.

Pretendo atualizar o blog após cada dia de viagem, contando sempre as últimas novidades.
Espero que gostem :)